Após atravessar planetas, ruas e abismos secretos
Subi os degraus e tropecei no olhar de uma mulher
Corpo profanamente sagrado
Corpo que ofusca todas as divindades
Quando os gestos possuem
O sabor do relâmpago
Não é possível embrulhar raios de sol para presente
Vista através dos galhos secos
A lua arranha o meu rosto
Garra rubra de mulher enlouquecida
O canto estilhaçado de um sabiá
É ouvido pelo espírito que arde
Ventos que brilham no início da noite
Golpeiam o caminhante solitário
Flores cultivadas no corpo de uma mulher
Nela as cores são instáveis
As flores vistas dos cabelos aos pés
Provocam queimaduras na pele das estrelas
Vinho doloroso
Canções do labirinto e rastros perfumados no ar
Sigo carinhosamente
A amada mulher felina
Que irá devorar o meu corpo depois da meia noite