Na agitada urbe, onde prazos e compromissos preenchem nossa agenda, muitas vezes nos encontramos em meio a uma teia de expectativas que nos puxa para todos os lados. É como se estivéssemos em um labirinto social, uma rede complexa de interações e normas que nos molda desde o primeiro choro.
A psicanálise de Freud nos ajuda a entender esse fenômeno intrigante. Ela nos mostra que somos seres em constante conflito entre nossos desejos mais profundos e as pressões sociais que nos cercam.
Imagine, por um momento, o sufocamento que vem da necessidade de se encaixar em padrões de sucesso, beleza, produtividade e realização. Parece familiar, né?
É como se todos estivéssemos em um palco, atuando nos papéis que nos foi designado em algum momento, por alguém… ou alguens… desejando ser aplaudidos por uma audiência que se quer, sabe quem somos nós. Aliás, você sabe quem é você?
Sob as cortinas, muitos de nós se sentem como atores em busca de aprovação, tentando ser alguém que não somos. Uma busca incessante por algum sentido.
Isso tudo parece tão perfeitamente moldado e planejado para que você constantemente se sinta assim mesmo: deslocado, fracassado, irreal….
Não bastasse as suas exigências internas, você ainda pode contar com aparatos criados por essa sociedade para o seu entretenimento e diversão: redes sociais. São elas que alimentam o mundo que você pensa como ideal, que te dizem muito bem o que vestir, comer, que lugares frequentar, que você precisa, precisa, precisa…. para ser feliz.
Certa vez, Freud nos disse: “A felicidade é um problema individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um deve procurar, por si, tornar-se feliz”.
Se a felicidade é um problema individual, como eu acho a resposta para o que me faz feliz, numa rede cercada de bilhões de pessoas? O que cabe para mim, cabe para todos? Se sim, penso o quão triste é perdemos o poder da criatividade (mas isso é papo pro nosso último texto do ano, volta aqui ler, viu?)
Exibir vidas cuidadosamente “curadas” e “funcionais”, é uma forma de ocultar nossas vulnerabilidades, e de nos ausentar da responsabilidade de sermos quem quisermos ser, por mais bizarro que isso possa soar para um outro.
O desejo por validação externa torna-se uma espécie de moeda social, e o número de curtidas e seguidores, nosso indicador de sucesso e de existência.
Seriam essas, formas de encontrar uma saída para nossa falta existencial? Alguns mergulham no consumo desenfreado, buscando conforto material para suprimir o vazio interior. Outros se afundam no vício da tecnologia, fugindo para um mundo digital que promete um alívio temporário daquele cansaço que sentimos no fim do dia… das perguntas como: eu gosto do meu trabalho? eu faço o que faço, em prol do que?
Mas e onde entra o papel da análise nessa sociedade? A psicanálise nos recorda que não podemos escapar do nosso próprio eu. Ela nos convida a explorar nossos desejos e medos ocultos, a enfrentar as sombras que escondemos por trás das máscaras sociais e a aceitar que tudo isso faz parte de nós!
A jornada para a libertação do sufocamento social começa com o entendimento de que não estamos aqui para suprir ou ser algo por e para alguém. É um caminho desafiador, mas é nele que podemos encontrar a nossa verdadeira liberdade.
Neste palco social complexo, a psicanálise nos convida a ser o diretor da nossa própria peça, a nos desvencilharmos das amarras invisíveis e a viver de acordo com nossos próprios desejos.
No final, talvez possamos encontrar uma sensação de satisfação que não dependa da aprovação alheia, mas sim, daquilo que nos movimenta.
Assim, enquanto navegamos neste oceano de pressões sociais e expectativas, te convido a pensar… Qual sua força motriz?