A chama do cristal – Cosmopolita
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A chama do cristal

As plantas que mastigam verduras no fundo do mar

Realizam  seus movimentos letárgicos sob a fumaça das águas

A maritaca que era limão e que tornou-se lápis verde

Segura os ramos das plantas marinhas na ponta do bico(seu objetivo é fazer ninhos em outros planetas)

Aquela mulher vista num cruzamento de mil telas de celulares

É a amada pantera que lambe o beco, o ar, os lábios e a ponta dos olhos

Ela é a senhora dos loucos e dos manequins

Ela faz os corações das pedras dispararem 

Ela exige  o desarmamento e o sacrifício dos anjos metálicos

Ela denuncia uma  girafa presa nos dentes do rato

Sim, é ela quem mora no centro do cristal

O cristal é uma janela e as janelas só são interessantes se forem cristais 

Ao abrirmos as cortinas feitas de asas de libélula

 Adentramos pelo cristal que desemboca num amplo horizonte brilhante

É uma vista em que os corpos nus  rolam no horizonte até virarem prata( ou restos de um acidente automobilístico)

O cristal é uma residência brilhante e em queda livre

Ali não existe arame farpado, línguas cegas e olhares mudos

Fora do cristal uma cabeça de coelho apodrece no vazio

Fora do cristal um jardim de rosas entra em decomposição

Fora do cristal os sanduiches são servidos com restos de dinossauros 

Dentro do cristal as praias ensolaradas entram no interior dos bosques em tempestade  

Dentro do cristal o verbo é beijado pelo ferro em brasa dos lábios de batom vermelho

Dentro do cristal as plantas peludas se perdem no corredor antigo 

Dentro do cristal as ruínas são digitalizadas 

Dentro do cristal a neve e o fogo dilatam a pupila(e viva o olhar selvagem!)

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