Amanda Maiochi Simões, Angela Viana Machado Fernandes, Elisa França, Laura Oliveira Alberti, Lílian Oliveira, Paula Chiconini e Paula R. Monteiro
GEP – Psicanálise e Gênero, provocações com: Judith Butler.
O Grupo de Estudos e Pesquisa em Psicanálise e Gênero tem como parte de seu título a palavra provocações, disparada por uma série provocativa e provocada pelas autoras(es) escolhidas ao longo de um semestre de estudos. Neste 2º semestre de 2025 a autore (pronome neutro) escolhida foi Judith Butler, continuaremos no 1º semestre de 2025 com outras leituras provocativas/provocadoras/provocantes. O grupo se reúne presencialmente às sextas-feiras de 14h00 às 15h30 na sala de estudos do IPEP (Instituto de Pesquisa e Estudos em Psicanálise nos Espaços Públicos).
Este texto é concebido a partir de um convite do blog Cosmopolita que movimenta o desejo e as elaborações de mulheres brancas e negras que se reuniram e se dispuseram a pensar suas inquietações num diálogo com a psicanálise e as questões de gênero1. O grupo Psicanálise e Gênero, provocações com: Judith Butler2 se estabelece a partir da leitura da obra Problemas de Gênero: feminismo e subversão da identidade, escrito em 1990. Topamos o desafio e aqui estamos.
Ao longo do semestre, a cada sexta-feira, nos reuníamos e o embrião ia se transformando, o que era da ordem da necessidade intelectual de refletir sobre a psicanálise e estudos de gênero, toma um viés mais além da mera intelectualização. Era mais, era algo maior. As experiências compartilhadas, angústias, anseios, medos, dúvidas e desafios, convocando a cada uma de muitas maneiras a construir algo coletivamente. Também se fez presente nossas inquietações sobre gênero e suas intersecções intrínsecas, isso sem falar das muitas outras identidades não tidas como hegemônicas, como a discussão sobre a racialidade, a questão capacitista, os aspectos sobre a pluralidade sexual, as questões de localização geográfica no globo, nas cidades e entre tantas outras que não couberam neste recorte do texto, embora relevantes na mesma medida. É da ordenação e da organização do mundo em relações de poder que estamos falando.
E foi assim, nesta gestação coletiva, subjetiva e singular, que pudemos parir este texto, inspiradas pelo cordão umbilical que viabiliza a criação da vida. Parir em letras e palavras com as quais pudemos coser ou alinhavar das pontas que conseguimos puxar desse novelo emaranhado, tecendo uma costura possível entre os ditos e não ditos, entre o dizível e o indizível. Diferentes idades, singularidades, experiências, sabores e dissabores vivenciados em nossa existência corporal no mundo contemporâneo com predicados, substantivos e adjetivos socialmente determinados contingencialmente. Parafraseamos Drummond: “Quando nasci, um anjo torto, desses que vivem na sombra, disse: vai, Carlos, ser cocho na vida”, nos emprestamos destes dizeres para subverter: vai pessoa, ser mulher na vida. À vista destas palavras, vai ao encontro dos dizeres acima àquilo que uma de nós enuncia:
[…] E tudo isso e mais um pouco é resultado de eu ter sido à revelia identificada, logo que botei minha cara, ou melhor, minha vulva no mundo, com o rótulo: gênero fêmea; logo, mulher. Porque meu sexo biológico assim os dizia. (Parte de um texto produzido por uma de nós em um dos encontros do grupo de estudos)
Destes encontros que se faziam na leitura miúda do livro de Butler havia uma outra cena que se construía na possibilidade de um lugar seguro para cuidar das feridas e ressoar potências. Seguro porque ali se fez respeito aos tempos de cada uma, numa cadência que pode estar e ser, a partir dos lugares de angústia, que se fez presente no ato de se despir, dispor e despor à refletir, problematizar e questionar sobre a ordenação do mundo e sua construção de gênero pautado no viés reducionista da binariedade.
A referida obra nos acende para a percepção: o que está dado, na verdade é socialmente induzido, estruturalmente determinado. A heterossexualidade se compreendida enquanto natural do ser humano é compulsória posto que o poder não é apenas o que proíbe e destrói, é também o que produz (FOUCAULT, 1979), isto é, a princípio, ninguém quer fugir do que é construído como natural.
Localizar o mecanismo mediante o qual o sexo transforma-se em gênero é pretender estabelecer, em termos não biológicos, não só o caráter de construção do gênero, seu status não natural e não necessário, mas também a universalidade cultural da opressão. (Butler, 1999, p.67)
O famoso: a)Você está gravida e é menino ou é menina? b) Essa roupa é de menino ou é de menina? Podemos responder à estas perguntas acima com Butler: a) É uma pessoa. b) Essa roupa é de tecido, com cores.
O gênero que se apresenta essencialmente como um dado invariável, na verdade é construído momento a momento na história da humanidade enquanto uma aparência. Um vir-a-ser. Estamos falando de uma ficção, uma narrativa do gênero em sua montagem e desmontagem. Na teoria da performatividade é possível fazer ruir a fôrma do gênero e, ao invés de compreendermos que é assim, Butler busca demonstrar que fazemos assim, é possível desformar o homem e a mulher em sua lógica binária para emergir um ser humano.
Butler dispõe, ou nos convida à dispor, de que não somos compreendidos por uma lógica binária organicamente, ao menos não foi sempre assim e nem precisa continuar sendo. Ao contrário disso, somos fruto de uma produção e reprodução constante. O modo como fomos assentando, tijolo a tijolo, nossas bases biológicas, filosóficas, teóricas e da linguagem gramatical nos definem. É através desse assentamento (que agora parece um muro e não vemos do outro lado) que o caráter do gênero binário se entranha em nossa percepção de mundo.
No decorrer dos encontros percebemos que o grupo passou pelo que chamamos de três tempos. Tempo um (T1): Um acúmulo teórico – entre tensão, reconhecimento de terreno e arsenal de conhecimentos; Tempo dois (T2): A potência dos encontros – o poder de conceber o embrião; Tempo três (T3): O ensejo de outra(s) psicanálise(s) menos engessada e careta!3 Dizemos, esses três tempos se construíram do caos a lama, desorganizadamente nas reflexões do grupo pudemos coser a muitas mãos uma práxis em que “o conhecimento traz os argumentos necessários para o agir”4 um modo de nos organizar.
T1. Um acúmulo teórico
Neste item sobre o acúmulo teórico nos centraremos na leitura do primeiro capítulo do livro Problemas de Gênero: sujeitos do sexo/gênero/desejo. Gênero compreendido como uma marca de diferença biológica, linguística e cultural. Algumas teóricas afirmam que o gênero pode ser entendido enquanto um conjunto de relações, uma relação e não um atributo meramente individual.
Há então um ponto de partida sobre o gênero em relação ao sexo não ser uno e sim “múltiplo” o qual nos permite avançar um pouco mais em uma direção crítica sobre o modo como as representações ocidentais hegemônicas (incluso também as leituras psi hegemônicas e colonizantes) determinam a noção que temos de sujeito e seus lugares de poder.
Examinar o conceito de gênero não como um atributo mas sim como uma relação histórico e social, nos permite avançar com uma pergunta: como se estabeleceu essa relação? Quais os marcos filosóficos, históricos, biológicos e sociais que estão por trás de uma afirmação simples: eu sou uma mulher, eu sou um homem? Onde essa mulher e esse homem se localizam e qual a cor de cada um delas(es)? Isso nos dá uma outra feliz entrada para a discussão sobre a noção de sujeito que também em si pode carregar uma determinação ou pode dar abertura para questionar: de que sujeito estamos falando? Esse sempre foi um sujeito determinado homem? Essa sempre foi uma sujeita determinada mulher? Só é possível reconhecer um sujeito homem negro com estes atributos identificados? Só é possível identificar uma mulher indígena com estes atributos fixos?5
T2. A potência dos encontros
E do encontro se fez a escrita em sua dimensão poética. Do encontro se fez poesia:
Por mais psicánile6
e 13 mil Elisas
Somos muitas (,) porque
poucas somos raras (,)
mas roucas
gritamos urros de dor
palavras inauditas
inutilmente esquecidas
resguardadas e
recolhidas num ambiente
seguro, porque saudável,
mas onde podemos soltar
porque seguram àquilo
difícil de suportar
pois insuportável, mas
compartilhado porque
na diferença de sotaques
e histórias
temos na cumplicidade
do olhar um mote pra ir
adiante
lemos nas palavras da teoria
argumentos para agir
e em todo lado amor para continuar
(poema escrito por uma de nós, num dia em que nosso encontro nos (re)fez em meio a empatia, reconhecimento, lágrimas, silêncios e abraços que de alguma forma nos curou
A possibilidade de compreender que ensaiamos, atuamos e nos apresentamos por alguns gêneros ao longo de toda a nossa vida, nos permite afirmar que nós performamos o gênero7. Está em cada calça que escolhemos (larga ou apertada, azul ou rosa), em cada momento que sentamos (pernas abertas ocupando todo o banco, pernas fechadas encolhidas), no nosso modo de sentir (chorar em público ou poder chorar), no modo de se afetar publicamente. Pensar sobre estas indagações e as perceber como questões relevantes nos faz refletir sobre nossa visão de mundo, de nós mesmas e de nossas escolhas. Uma de nós escreve: “acredito que, eu sabendo da dificuldade que tenho em entrar em contato com minha mulher, estar rodeada de outras com mundos diferentes me ajuda e ampara nesse percurso que é tão único e ao mesmo tempo tão grupal. O que é ser mulher?”. Seguindo as provocações e nos perguntando juntamente à Butler:
Que performance inverterá a distinção interno/externo e obrigará a repensar radicalmente as pressuposições psicológicas da identidade de gênero e da sexualidade? Que performance obrigará a reconsiderar o lugar e a estabilidade do masculino e do feminino? E que tipo de performance de gênero representará e revelará o caráter performativo do próprio gênero, de modo a desestabilizar as categorias naturalizadas de identidade de desejo? (BUTLER, 1990, p.198)
Onde se define nossa mulheridade? Quais os caminhos para (re)pensar o lugar da mulher e do feminino dentro da psicanálise e fora dela? Não temos uma resposta à priori mas lançamo-nos em voo nestas perguntas que persistem e que fazem ampliar nossa visão do gênero, assim como costurar um diálogo entre a psicanálise e estas indagações.
Uma trilha importante a ser percorrida neste processo sobre o que é ser uma mulher e o que é o feminino, além de por quais caminhos os feminismos podem nos fortalecer. Deparamo-nos com os problemas da organização feminista e refletimos com o intuito de avançar em uma práxis. Uma de nós pontua em um dos encontros: “então descobri o feminismo e acho que depois desta descoberta pude dar alguns nomes àquilo que sentia”. Ou ainda, outra entre nós:
Passei medo do pai, do irmão / Do primeiro marido, e raiva do segundo marido / Fui abusada por todos eles / Descobri o feminismo tarde / mas não deixei mais. / E aqui estou pra entender onde nós mulheres estamos e (eu) não vou deixar mais que outros / abusadores cresçam / no lugar onde eu estiver / e outras mulheres LGBTQIAPN+ / também. / O conhecimento traz os argumentos necessários para o agir.
O conhecimento é um dos instrumentos necessários para um salto em direção à outras ações mais (cons)ciente das práticas culturais que almejamos produzir. Este é um dos legados que esse semestre de estudos nos proporcionou. Ao mesmo tempo que nos aproximamos de uma teoria nova, nos fortalecemos como um grupo e semeamos outro agir persistindo no caminho da liberdade.
T3. O ensejo de outra(s) psicanálise(s) que não essa tradicional, engessada e careta!
Voltemos ao socialmente determinado e vejamos o exemplo da língua inglesa, francesa ou portuguesa: elas possuem o (o) , o (a), mas também um “gênero neutro” nunca tão exaltado ou destacado quanto à construção de uma escrita binária através dos artigos (o) e (a). Para avançarmos mais um pouco, veja o exemplo de nossa construção filosófica e escrita:
Verbo + Sujeito+ Predicado
Penso, Logo Existo
Quem pensa?
Eu penso!
Mas, porque essa escolha que parece óbvia e mal parece uma escolha tem que ser posta agora para falarmos dela?! Aí! Que chato! Pois então, isso que nos incomoda aos olhos e aos ouvidos diz de nosso modo enrijecido de fazer o pensar. Quando introduzimos outra ideia:
Pensa-se.
Ou, podemos ir mais além:
Experimenta-se a potencialidade do pensar em um ser em um coletivo.
Isto é:
Pensamo-nos, logo transformamo-nos
Fica aí introduzida a potência do encontro e o encontro de fazer a muitas mãos uma costura.
Desejamos encontrar consonâncias e dissonâncias sobre o fazer psicanalítico clínico na atualidade, disparando provocações que nos incitam a buscar leituras necessárias para a clínica psicanalítica hoje. Quais condutas produzidas no fazer psicanalítico respondem mais razoavelmente aos desafios impostos pela contemporaneidade?
Permeada pelas reflexões do grupo e pensando com Wittig, elas dizem:
Então esse texto é confusão! Com fusão de perdas, saúde mental e emocional, hormônios, mulher, feminino, feminismo, sociedade, cultura, relacionamentos e não só. “Perder-se pode ser um achar-se perigoso”, assim disse Clarice Lispector. E parafraseando uma estrofe do filme Coração Valente “todo ser humano morre. Mas nem todo ser humano vive”.
Entre nós mulheres – seja lá o que mulher signifique – estamos começando a entender que não precisamos ou devemos ser rivais como nos induziram pensar. Que podemos nos unir, estar entre mulheres, amar entre mulheres e que isso não se restringe à sexualidade.
Nos amar em algo único e de igual para além de uma vulva e seios, algo que ainda não encontramos nome, ou talvez nem tenha ou deva ser nomeado, mas sentido entre nós, que por mais diferente que sejamos em nossas histórias e idades, algo se faz em nosso encontro, na percepção de um cuidado com amor e compreensão que nos atravessa. (…) Um quê nos une, nascido em Dores8 transmutando em amores9, Lilians, Paulas, Lauras, Elisas, Amandas, Ângelas, Marias, Marieles e tantas outras. Reafirmando o cordão umbilical que viabiliza a criação da vida. E assim para encerrar, trazemos a Clarice Lispector que diz mais ou menos algo parecido com: uma vida completa pode ser aquela que termina em uma identificação com o não-eu, onde não há um eu para morrer. Não havendo a identificação com “Essa Mulher”, eu-mulher-script, eu talvez não morra tentando ser mais uma dessas.10
Estar em grupo de mulheres dialogando sobre o que é ser uma mulher, usando das teorias incluindo a psicanalítica, tem sido uma experiência destruidora no melhor sentido possível! Mas, sinto que não só. É além. Tem sido uma vivência linda, tocante e transformadora a cada encontro que só é.
Referências Bibliográficas:
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/7639684/mod_resource/content/1/BUTLER_%20Problemas%20de%20Ge%CC%82nero_otimizado.NTS.pdf. Acesso em 05 de Agosto de 2024.
Gênero, poder e narrativa. Tempero Grag, 2022. 1 vídeo (26 min). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=SyRhrAlZwZU Acesso em 10 de Novembro de 2024.
HOOKS, bell. E eu não sou uma mulher?: mulheres negras e feminismo. Tradução Bhuvi Libanio. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2023. Disponível em: https://plataformagueto.wordpress.com/wp-content/uploads/2014/12/nc3a3o-sou-eu-uma-mulher_traduzido.pdf Acesso em 30 de Novembro de 2024.
Lacaneando Entrevista Maíra Marcondes Moreira. Calligraphie Editora, 2020. 1 vídeo (35min). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=WlFiiE2Aaro&t=874s Acesso em 28 de Novembro de 2024.
WITTIG, Monique. As guerrilheiras. Traduzido por Jamille Pinheiro Dias, Raquel Camargo. São Paulo: Ubu Editora, 2019. Disponível em: https://www.medicina.ufmg.br/wp-content/uploads/sites/111/2024/05/As-guerrilheiras-Monique-Wittig-Z-Library.pdf Acesso em 30 de Novembro de 2024.
- Coordenadora: Laura Oliveira Alberti. Disparadoras: Laura Oliveira Alberti, Paula Chiconini e Paula R Monteiro. Membras: Amanda Maiochi Simões, Angela Viana Machado Fernandes, Elisa França, Laura Oliveira Alberti, Lílian Oliveira, Paula Chiconini e Paula R. Monteiro. ↩︎
- O Grupo de Pesquisa e Estudos Psicanálise e Gênero tem como parte de seu título a palavra provocações, em função do grupo se organizar disparado por uma série provocativa e provocada pelas autoras(es) escolhidas ao longo de um semestre. Neste 2º semestre de 2025 a autore (pronome neutro) escolhida foi Judith Butler, continuaremos no 1º semestre de 2025 com outras leituras provocativas/provocadoras/provocantes. O grupo se reúne às sextas-feiras entre 14h00 e 15h30 na sala de estudos do IPEP (Instituto de Pesquisa e Estudos em Psicanálise nos Espaços Públicos). ↩︎
- Referimo-nos à musica de Cazuza Blues da Piedade. ↩︎
- Frase escrita por uma de nós no grupo de estudos. ↩︎
- E avançar ainda mais, por que não podemos dizer ao invés de sujeito homem, sujeita mulher outra coisa?Por exemplo: em se tratando de uma pessoa andrógena ou não binária não cabe a pergunta o que é isso: ele ou ela?Elu (pronome neutro) é alguém, assim como eu, assim como você. ↩︎
- Neologismo criado coletivamente a partir de um chiste que se referia à Psicanálise. ↩︎
- Uma constituição da cultura (social, política e historicamente definida) em que apenas uma parcela das pessoas possuí os atributos de uma identidade, no qual há o estabelecimento do normal (o sem identidades, o sem predicados) e das minorias com predicados à exemplo da nomeação do gênero entendido como o feminino, e não gênero humano; da raça entendida como negra e não branca estabelecida; do corpo entendido como padrão e não como uma pessoa com deficiência – (utilizamos a nomenclatura PcD (Pessoa com Deficiência) pois atualmente ela é considerada a mais ética). ↩︎
- Referência a cidade mineira Dores do Indaiá. ↩︎
- Referência a música de Novos Baianos: Dê um rolê. ↩︎
- Oscilar de humor sem ser tachada de louca, histérica, poder ou não quer ser esposa, escolher viver ou não a lesbianidade e, não ser a única responsabilizada pelos afazeres domésticos de dona de casa quando não moro sozinha, sentir e ressignificar os incômodos menstruais ou da menopausa. Não me acostumar a ouvir que tudo isso é frescura de mulher, que preferem contratar homens no mercado de trabalho porque não menstruam, não engravidam ou tem que alimentar seus filhos com o próprio corpo. ↩︎